29 de outubro de 2010

Uma certa trajetória espiritual...



Eu doida prá parir logo o post de Umbanda, mas não dá prá falar disso sem falar como cheguei a isso. Sei que corro o risco de fazer uma narrativa enfadonha, mas só entendendo minha trajetória espiritual prá entender como construí meu ponto de vista, o meu olhar sobre a Umbanda.

Ok, vamos lá. Na verdade já tem um resuminho sobre isso nas páginas do blog, vou tentar reproduzir o que eu disse lá sem me estender muito. Bem, minhas lembranças religiosas mais remotas são de um centro de umbanda que minha família frequentava - detalhe: a família TODA, sem exceção.

Eu era muito pequerrucha, e por isso mesmo me lembro que sempre chegava uma certa hora da noite no centro que eu dormia nos bancos de madeira do público. Era estranho ver todo mundo da minha família no congá, a maioria deles incorporada. Mais estranho ainda era minha avó com erê em dia de Cosme e Damião. Ver sua avó chupando chupeta não é uma visão usual, confunde qualquer cabecinha em tenra idade.

Bem, me lembro que iam os vizinhos também. Era tudo muito organizado, o pessoal disciplinado. Eles se trocavam lá, todos vestiam branco, as únicas cores que apareciam na vestimenta eram as cores das guias nos pescoços.

Mas esta é uma época remota mesmo, virou história. Página virada. Todos pararam de frequentar o centro por razões diversas, mas felizmente a fé nunca abandonaram - e a mediunidade ficou latente em cada um, impressionante. O único "rito" que sobrou deste capítulo de nossa família foi o saudoso tio Renato, com seu baiano Sebastião Oliveira dos Santos, que ia na casa do meu vô mais ou menos uma vez por ano prá aconselhar a família e vislumbrar nossos futuros e passados.

Bem, neste ínterim, nós fomos crescendo sem nenhuma religião definida, nada além de um certo espiritualismo. Acreditava em reencarnação e espíritos, mas não seguia nada piamente. Não quis fazer comunhão ou crisma, porque achava um absurdo fazer um troço desse se eu não me considerava católica.

Num dezembro de 1999, minha madrinha Susi (irmã de minha mãe), deixou uma meia dúzia de livros 'espiriteiros' (créditos do termo: blog "vida de dois ursos". Mais que recomendo! Post fantástico sobre o espírita e a homossexualidade) prá minha mãe ler. Claro que minha mãe num leu nenhum, e eu, na maior curiosidade, peguei um que se chamava "Copos que andam". Era sobre a famosa brincadeira do copo. Como no colégio o pessoal fazia a aterrorizante brincadeira do compasso (que sempre terminava em cocô), fiquei curiosa prá ler o livro.

Daí pronto. Foi um atrás do outro, e em poucas horas de leitura eu enfiei na minha cabeça que queria ser oficialmente espírita. Eu tinha treze anos, e li todo o acervo que minha madrinha tinha em casa. Fiquei insaciável, e um belo de um dia neste mesmo verão, pus uma saia jeans, uma blusinha e um tamanquinho e me atirei nos sebos de Santana prá comprar livros espíritas. Foi a primeira vez que saí de fato sozinha.

No sebo eu comprei o crássico "Violetas na Janela", além do Evangelho segundo o Espiritismo. Eu tava louca prá ler Kardec logo, e me encantei com o Evangelho. Daí, um dia eu estava na casa da minha melhor amiga da escola, a Juliana. Contei prá ela sobre a minha super jornada espiritual e ela disse que uma vez o pai dela comentou que tinha um centro espírita lá na rua dela.

Como estávamos sozinhas, nos atiramos na rua à procura do tal centro. E demos de cara com ele. Tocamos a campainha, e um rapaz nos atendeu, disse que naquela semana mesma estaria começando o grupo de jovens, no sábado às 16h00.

Cara, tempos áureos! Arrastei minha irmã pro centro, aprendemos a tocar flauta, entramos no coral e tínhamos aula só com o livro dos espíritos. Nosso mestre de então, o sr. Guerrero (que guardo no fundo do coração), injetava Kardec em nossas veias, sem a menor moderação.

Nesta época eu me joguei de cabeça no espiritismo. E fiquei uma crente insuportável, proselitista e inflexível - assim como é a maioria dos 'espiriteiros' de plantão que se autoproclamam "kardecistas". Isso foi até os 18 anos, quando comecei a trabalhar em uma livraria. Lá também vendiam livros espíritas, e por trabalhar no meio, comecei a sacar algumas paradas estratégicas de best sellers.

Foi quando eu me dei conta que a Zibia Gasparetto não é espírita, apesar de ser literalmente adorada pelos espiriteiros. E eu enxerguei nisso a maior estratégia de marketing livreiro de todos os tempos. Ela faz a mesma coisa que os escritores do New Age americano. Sem se autoproclamar coisa nenhuma, consegue adeptos de todos os credos e não-credos possíveis.

Aí foi decepção pura. Não acho que ela seja charlatã. Até porque eu já vi o filho dela pintando 3 quadros de uma vez, cada um com um membro diferente do corpo, e quadros lindíssimos. E não creio que a vovó Mafalda tenha tanta criatividade prá escrever romances de época. Mas  e daí? Médium existe com todo o tipo de caráter, e era o caráter e as intenções da velhota que estavam em jogo prá mim.

Peguei birra ferrenha dos Gaspas. Poxa vida, tavam melando o movimento espiriteiro, usando TODA a base da doutrina sem fazer nenhuma menção a ela, e às suas custas ganhando rios de dinheiro. Quinta colunas do cacete, viu...

Depois desse desencanto, veio o próximo. O Ramatis. Comecei a me inteirar mais sobre o movimento espírita, a estudar sua história. E descobri a facção esotérica que se desvinculou do mainstream (A FEB - Federação espírita Brasileira) e fundou a Aliança Espírita.

Ramatis é safra da Aliança, se não me engano. É um espírito todo esotérico, e seus livros vão de encontro a princípios básicos da doutrina. Coisa de louco. Não sei como as pessoas conseguem conciliar ideias tão diametralmente opostas... Meu, o cara diz que os marcianos são louros porque são hierarquicamente superiores a nós. Darwinismo social na veia, VSF!!!!

Aí depois disso, veio o terceiro desencanto. Com o centro. Ou melhor, os trabalhadores do centro. As paranóias deles, os pré-conceitos, a religiosidade fervorosa que eles negam até a morte (ops, desencarne). Os jargões de seu vocabulário, seus clichés comportamentais e tabus.

Comecei a me sentir sufocada por aquele bando de ignorantes. Comecei a presenciar cenas ridículas de gente fingindo estar incorporada prá falar o que quisesse e ter prestígio. Mas o que mais me irritava era o falso moralismo. Bando de hipócritas, humpf.

Aos 22 anos abandonei o centro, completamente desiludida. Foi quando encontrei o "Espiritismo Ortodoxo". Pessoas com as mesmas inquietações que as minhas. Que viam um espiritismo degradado, maculado pela religiosidade mandingueira espiritólica de nosso povo.

O raciocínio desse pessoal é mais ou menos assim: Kardec usou o C.U.E.E (controle universal do ensino dos espíritos), um método empírico, portanto científico e racional. Só ele usou a psicografia com racionalidade científica, coisa que ninguém jamais voltou a fazer. Portanto, se não é Kardec, não é racional, e não é espiritismo.

Achei tudo isso o máximo. Mas essa empolgação durou menos de um ano, felizmente. Isso porque esse pessoal é mega radical. Eles se dizem racionais, mas prá mim são racionalistas. O extremo oposto do espiritismo à brasileira, todo ritualístico e sincrético. Só que este extremo foi muito prejudicial prá mim.

Isso porque à medida que eu racionalizava cada vez mais minha fé, mas eu a perdia. Não sei como esse pessoal consegue nutrir fé sendo tão racional. Até hoje eu não concordo que exista a tal fé racional, porque são coisas opostas prá mim. A fé é um ato religioso, e portanto não racionalizável. Quanto mais eu me enfiava no Espiritismo ortodoxo, mas eu me afastava de minha própria espiritualidade. Porque o aprimoramento moral passou a parecer algo tão infantilóide e irracional, que abandonei minhas preces e o pouco que restou de minha empolgação espiriteira.

Enfim, abandonei o Espiritismo ortodoxo e fiquei flutuando num mar etéreo até o coração começar a bater forte com os atabaques... Eu percebi que não dá prá querer racionalizar a verdade do universo, e "há mais coisas entre o céu e a terra do que imagina vossa vã filosofia" começou a fazer mais sentido do que nunca.

Voltei a me entregar à magia religiosa que me cercava nos tempos idos de adoração espírita. Só que agora sem me amarrar a credo nenhum ou doutrina. Me sinto livre, e nunca minha intuição esteve tão aguçada. Nunca tive tantas experiências transcendentais como tenho agora, e me sinto mais conectada com os meu guias do que estive em qualquer fase anterior.

Antes, se um espírito me pedisse prá eu acender uma vela, jamais o faria. Afinal, o que é uma vela? Um nada, pois o que manda é o pensamento. Tola, a vela é um instrumento prá canalizar o pensamento. O racionalismo puro, livre de qualquer grau de magia é, na minha opinião, intangível pelo homem. Precisamos ainda de instrumentos de fé - seja ele um hino evangélico, uma vela, um santinho ou um patuá. Não importa. e nesse sentido, a vela continua sendo um nada, mas o que é produzido através dela, é maior do que pensa nossa vã filosofia.

14 comentários:

  1. Espiriteiro vc lembrou de nós dois, em o espirita e a homossexualidade, né?

    Bem, como deve saber a Doutrina Espírita é formada nos 3 pilares:
    1 - Científico (Razão)(O Livro dos Espíritos, dos Médiuns )
    2 - Filosófico (O Céu e o Inferno, A Gênese )
    e
    3 - Religioso (Fé)(Evangelho segundo o Espiritismo).
    O "Caminho da Luz" é aprender essas 3 bases.

    Precisa conhecer o Vale do Amanhecer da Tia Neiva, lá perto de Brasilia.(caso nao tenha preconceito).
    Somos kardecistas com o pé na cozinha, como voce.

    Mora na Zona Norte ?
    Salve sua banda.
    Epahey !

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  2. Olha... eu acho que vc deveria ser minha filha!!
    Impressionante como o que vc escreveu parece minha historia com o espiritismo... Trabalhei durante 12 anos com Umbanda,depois fui Kardecista, depois fui somente espirita, depois virei somente critico ao espiritismo e hoje, não nego, me derreto pelo meus caboclos de 25 anos atras! As vezes me vejo com muita vontade de dar passagem a eles!! Mas morando no interior, onde os evangélicos criaram uma visão tosca dos ubandistas, não consigo achar um centro umbandista! Mas ei de achar!!!

    Beijos minha cyberfilha!

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  3. Já leu Tambores de Angola e depois na sequencia Aruanda, do Robson Pinheiro ? Fala do preconceito de kardecistas com umbandistas e umbandistas com kardecistas. Voce vai gostar muito.

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  4. Primeiramente vamos a alguns aspectos importantes: essa visão que você tinha deitada nos bancos de madeira no centro “ Tenda de Umbanda Caboclo Risca Fogo” não era necessariamente novidade afinal uterinamente você já estava lá no congá participando junto com seu pai e mãe. Acredito que esse post deve ultrapassar a todos em quantidade de comentários pois é um assunto notável e todos de certa forma tem alguma experiência a contar. Como o David vivenciou algumas pessoas passam por essas experiências e lá permanecem como verdade retilínea de suas vidas, outros, buscando o saber contestam e procuram o verdadeiro caminho, daí voltarmos ao passado e aos nossos guias; caboclos, preto velho, ciganos , exus e demais voluntários do cósmico. Verdade e o que você está sentindo agora depois de percorrer essa estrada..é muito bom saber que minhas filhas estão na SENDA...

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  5. Primeiramente vamos a alguns aspectos importantes: essa visão que você tinha deitada nos bancos de madeira no centro “ Tenda de Umbanda Caboclo Risca Fogo” não era necessariamente novidade afinal uterinamente você já estava lá no congá participando junto com seu pai e mãe. Acredito que esse post deve ultrapassar a todos em quantidade de comentários pois é um assunto notável e todos de certa forma tem alguma experiência a contar. Como o David vivenciou algumas pessoas passam por essas experiências e lá permanecem como verdade retilínea de suas vidas, outros, buscando o saber contestam e procuram o verdadeiro caminho, daí voltarmos ao passado e aos nossos guias; caboclos, preto velho, ciganos , exus e demais voluntários do cósmico. Verdade e o que você está sentindo agora depois de percorrer essa estrada..é muito bom saber que minhas filhas estão na SENDA...

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  6. Adorei a tua narrativa, quando chegou no final, ficou um gostinho de "conta mais!". Eu já passei por todas as formas de religião possível, já que minha mãe é o ecumenismo em pessoa: já foi católica, protestante, cuidava de uma benzedeira, tinha contato com kardecistas... Eu acho que religião é algo muito bonito, tenho amigos pastores, padres, espíritas... mas não consigo ter fé. Ou talvez nenhuma das que conheci conseguiu me dar as respostas que eu procuro. Um beijão!

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  7. Allan Kardec...Já ví esse nome antes!

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  8. Que bom que você já "evoluiu"! Porque a grande e única lição do espiritismo, kardec e qualquer outro avatar bonzão é simplesmente: seja você mesma, pense por si própria e siga seu coração. O resto é cerumano arrumando pretexto pra dominar.

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  9. Amei sua narrativa de suas experiências ... tb vivenciei um pouco disto tudo ... já pertenci a um grupo espírita, desenvolvi a tal mediunidade, trabalhei como cavalo de um espírito, atendia ... enfim ... desiludi de tudo tb ... hoje não tenho uma religião e sou contra todas elas ... tenho a minha fé e me posiciono e vivo neste mundo segundo ela, independente de qualquer religião ...

    bjux

    ;-)

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  10. URSOS,

    Que legal vcs por aqui, Left e Right ao mesmo tempo (será isso mesmo)? Ui, que delícia! Pois é, eu só vejo por aí os extremos dos tais pilares... o científico (com o pessoal ortodoxo) e o religioso (com todo o resto). Filosofia? Alguém do MEB sabe o que é isso? Filosofia prá maioria dos espiriteiros se resume em meia dúzia de quotes chiquistas. Eu morava na ZN, agora vivo no centrão, e em breve vou prá ZS. SALVE SUA BANDA!!! Odô iá!!!

    DAVID,

    Puta merda, nem sei o que dizer. Olha, se vc fosse de qqer credo eu já te adoraria... aliás, já te adorava de paixão antes de saber que vc tem o pé na cozinha. Agora então, nossaaaa!!! Cyberpápis, NA CERTA! Olha, quanto a essa sua vontade de dar passagem... num passa vontade não, rsrs. Minha família aderiu ao estilo "caseiro", se vc tiver o apoio da sua família, pode fazer o mesmo. Mas vou falar sobre isso no próximo post, rsrss...

    PAPITO,

    Em relação aos comentários... Bom, o Jurumano continua imbatível, mais de 30 comentários dos fãs e tietes. Realmente a coisa ficou latente aqui dentro, e agora disponho de muito mais maturidade prá dar condições que se desenvolva. E o mais legal é que todos nós passamos por isso na atualidade, maravilhoso!!!

    DOIS PERDIDOS,

    Que legal, isso só demonstra que vc é realmente cabeça aberta, e o fato de vc ter conhecido vários credos só lhe torna ainda mais open-minded. Isso é bom, ajuda entender melhor seus amigos e seus pontos de vista. Vejo esse seu desapego a religiões mais como algo positivo. Só demonstra a sua "independência espiritual", e que você governa a si mesmo.

    TIO GIZMO,

    Pois é. Dizem as más linguas espiriteiras que Allan Kardec reencarnou em São Paulo, não se sabe se é um jogador de futebol ou um taxista cinéfilo da zona norte de Sampa!

    EDU,

    "Avatar bonzão" é demais, só vc prá lançar essa, hahahaha! Pois é, demorei prá cortar as amarras, e me sinto leve prá viver do meu jeito, sem doutrinas e cartilhas... Com a minha intuição, meus guias e minha fé, que não depende de templo nenhum prá seguir em frente.

    PAULO,

    Que legal sua trajetória também, me sinto feliz por ter mais esse quesito em comum com vc, eu cada vez me sinto mais "em casa" com vc e seus amigos ursos e afins. Nada como ser livre para construir nossa própria visão de mundo, né?


    BJO A TODOS, E AGRADEÇO OS COMENTÁRIOS. PERTINENTES, INTELIGENTES E BEM-HUMORADOS, COMO SEMPRE!!!

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  11. "... LEVANDO AO MUNDO INTEIRO A BANDEIRA DE OXALÁ"

    ERA ESSA A PRIMEIRA FRASE QUE GUARDEI, DO TERREIRO. OU CENTRO, COMO PREFERIREM. EU TINHA 5 ANOS, OU POUCO MAIS. LEMBRO DE SEMPRE ESBARRAR COM UM ADOLESCENTE, PORTADOR DE DOWN. NA ÉPOCA ELE ERA PARA MIM "O MENINO QUE MOSTRAVA A LÍNGUA". LEMBRO DE UM CARA CHAMADO MAURO, QUE CHAMAVAM DE MAURINHO. ELE DEVERIA SER APARENTADO DA DONA IZABEL, A MÃE DE SANTO E DONA DO CENTRO. ELA ERA UMA VELHINHA INTRIGANTE, COM SUA POUCA ESTATURA E OCLINHOS, E A INCRÍVEL HABILIDADE DE COSTUREIRA PARA FAZER COMO NINGUÉM PIJAMINHAS DE FLANELA QUE A GENTE A-DO-RA-VA. OS MEUS TINHAM UMAS FIGURAS DE URSINHO QUE EU ACHAVA GAY (OH, IRONIA DESTE MEU DESTINO), MAS OS DO JÚNIOR TINHAM UNS SORVETINHOS QUE ME DAVAM ÁGUA NA BOCA. OS PIJAMINHAS DE FLANELA. DA DONA IZABEL DO CENTRO. MASSA.

    ACHO QUE O PEDAÇO DA MANGA DO MEU VIROU NANÁ DA ALINE UMA ÉPOCA.

    LEMBRO DAS BOLINHAS COLORIDAS, DE PLÁSTICO, DE DIAS DE COSME E DAMIÃO. DO ATABAQUE QUE BATIA JUNTO COM CADA FIBRA DO CORPO, QUANDO AS CORTINAS SE ABRIAM E O CHEIRO DE GUINÉ INAVADIA AS NARINAS, AS VESTES, A ALMA. A VÓ COM CHUPETA NA BOCA ERA FICHINHA. LEMBRA DAS CONVERSAS, DOS ERÊS? NÃO SEI COMO NÃO DESENVOLVI PROBLEMAS MENTAIS NESSA ÉPOCA. ERA DE CONFUNDIR SÓCRATES, A COISA TODA. LEGAL QUE SÓ FUI DESENVOLVER PROBLEMAS MENTAIS BEM MAIS PRA FRENTE, DAÍ NUM DÁ PRA CULPAR OS LANCES MACUMBAIS.

    LEMBRO DE ADORAR O PONTO QUE FALAVA SOBRE CURA... "DEFUMAI, FILHOS DE FÉ.... ALECRIM E ALFAZEMA... DEFUMAI... COM AS ERVAS DA JUREMA".... E MAIS.... DIA DE COSME... "COSME E DAMIÃO, DAMIÃO, CADÊ DOUM? DOUM FOI PASSEAR NO CAVALO DE OGUM...". EU ADORAVA ESSE NOME, OGUM. DEPOIS DE GRANDE FUI DESCOBRIR QUE ERA FILHA DELE. ESTOU REIVINDICANDO A PATERNIDADE, ALIÁS. QUERO VISITAS REGULARES. E DIREITO A ANDAR DE CARONA NO CAVALO. POW, EU MEREÇO.

    BRINCAR DE DESENHAR NO CHÃO LISO DO TERREIRO COM RESTINHOS DE PEMBA.... BISBILHOTAR POR DEBAIXO DAS CORTINAS ANTES DE COMEÇAR A GIRA... TOCAR O ATABAQUE DE INXERIDA, NA HORA QUE A MÃE DESCIA PRA BATER CABEÇA PRO SANTO... NÃO TEM PREÇO. PARA TODOS AS OUTRAS COISAS, EXISTE A RAZÃO. QUE, COM O PASSAR DOS ANOS, VAI TORNANDO CADA VEZ MAIS RIJO O SOLO DA CARNE E DA MENTE. E NOS FAZ (QUASE) PERDER DOS REGISTROS DO CORAÇÃO ESSAS EXPERIÊNCIAS E SENSAÇÕES, QUE SÓ VIVENCIAMOS COM UMA CERTA DISTÂNCIA DA RAZÃO ABSOLUTA.

    A FRASE LÁ DO COMECINHO É A QUE ENCERRA O "HINO À UMBANDA". LINDO, ALIÁS. EU JÁ CONHECIA, QUANDO O CONHECI. CONHECIA DO UMBIGO. RECONHECI.

    "... REFLETIU A LUZ DIVINA EM TODO O SEU ESPLENDOR... VEM O REINO DE OXALÁ ONDE HÁ PAZ E AMOR..."

    OGUNHÊ.

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  12. ... E ME DESCULPE PELO COMENTÁRIO MAIS EXTENSO EVER!!! MALZ.... :-(

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  13. Pois é Aline, os 33 tá para o Jurumano como os 1000 tá para o Pelé! e isso porque o assunto é polêmico em!

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  14. Minha trajetória espiritual nunca saiu da largada U.U”

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Comentários são sempre bem-vindos. Desde que não venham a ferir a ordem nacional. Hehehe...

E viva a democracia!

VIVAAAA!