30 de setembro de 2011

Wake me up when September ends...


E não é que acabou?

Acabou setembro, e agora todo mundo sabe como é... dia das crianças, finados e... pimba! Natal. Daí acabou. O ano velho, feliz ano novo, blá, blá, blá.

Mas nos derradeiros minutos que me restam, deixo aqui uma pequena homenagem aos personagens setembrinos que enchem meu coração de alegria e saudade.

É engraçado como cada mês, cada dia do ano tem um significado prá cada um de nós. Filosofias de boteco à parte, fato inaugural que me fez atribuir um significado especial a este mês foi o nascimento da minha eterna irmãzinha, Maytê.

Sim, Maytê com Ypsilone (já dizia Gonzagão) e acento circunflexo. Coisas de dona Sueli. Mas a danada teve sorte, quase se chamou Kimberly, se minha mãe tivesse ido na nossa onda de colocar o nome da personagem dos Power Ranger que usava o uniforme rosa.

Maytê nasceu quando eu tinha 10 anos. Minha irmã mais velha e eu trocamos muito a bunda dessa moçoila. Esquentamos mamadeira, demos banho e tudo o mais enquanto minha mãe ainda era macaco*.

Maytê sempre foi um mistério ambulante. Na sua quietude, ninguém imagina o que ela fica remoendo naquela cabeça. A vida foi fazendo seu trabalho, lapidando uma mulher nessa menina. E cada vez mais ela vem mostrando sua personalidade forte.

Maytê gosta dos bicho. Nunca na minha família existiu alguém que gosta tanto, mas tanto de bicho. E não é só gatinho e cachorrinho não, disso todo mundo gosta. Ela gosta de tudo, de taturana à cavalo. 

Um ano depois de seu nascimento, veio o casamento do meu tio Edsinho com a tia Dete. Foi exatamente neste setembro que veio a minha menarca. Mas eu não tenho saudade disso.

Tia Dete sempre foi um amor conosco. Tratava a sobrinhada (agregada) como se fosse sua. Tia Dete foi a primeira pessoa que conheci que usava aparelho nos dentes. Ela tem olhos azuis e é loira de verdade. O pessoal ficava fazendo piada de loira zoando com a cara dela, coitada.

Ela explicava a lição de casa de vez em quando prá gente, dando um descanso pro meu avô, que conferia nossas lições e corrigia todas elas todo santo dia - coisa de milico. Ou melhor, macaco*. E ela tinha mania de falar "vamos supor", toda vez que dava algum exemplo.

Tia Dete divorciou do tio Edsinho e deixou prá mim muitas saudades. Nunca vou esquecer da primeira vez que jantei na casa dela e comi um feijão diferente do da minha vó, e por isso achei tão gostoso. A casinha construída nos fundos da casa da minha vó, onde ela foi morar, parecia casa de boneca. Foi lá que ela realizou o sonho repetido tantas e tantas vezes de ter uma cozinha toda branca.

Também não posso deixar de citar o aniversário da Ana. A cunhã (como meu avô a chama), chegou de Abreu e Lima (PE) e foi morar com a minha avó prá ajudá-la nos serviços domésticos. A Ana tinha 16 anos. Ela trouxe consigo uma dezena de fitas de funk.  Era o que ela ouvia lá no nordeste, funk de verdade, o original. Muito antes de Claudinho e bochecha. Coisa extinta.

A Ana também ensinou prá gente uma porrada de brincadeiras de rua, brincávamos muito com ela no quintal tudo aquilo que não podíamos brincar na rua. Meu avô nunca deixou a gente brincar na rua, no máximo andar de bicileta com ele olhando, e na beirinha da calçada. Coisa de milico, ou melhor, macaco*.

Daí depois de alguns anos veio o Renato. Ele faz aniversário dia 23 de setembro. Eu sempre confundia com 21, todo ano era uma confusão... ou lembrava da data e esquecia de ligar ou o contrário.

Conheci Renato na Lustres Yamamura quando eu achava que tinha talento nato prá vendas e sonhava estudar ciências sociais. Não preciso nem dizer que nenhuma das duas coisas deu certo.

Renato foi fundamental na fase mais crítica da minha vida. Adriano era meu primeiro namorado, me deu um pé porque não aturava mais as minhas maluquices. Só que ele levou embora minha vontade de viver, além de uma edição histórica do Nosso Lar que o abençoado não devolveu até hoje. Também por isso não devolvi um livro dele, humpf.

De tanto me ver mal, o Renato começou a se enfezar, e toda vez que eu falava no falecido ele xingava e chamava ele de matador de velhinhas. Ele dizia que o Adriano jogava velhinhas na linha do trem. Por incrível que pareça, ao invés de ficar triste, eu comecei a dar risada da situação, e isso aliviava minha agonia.

Renato é cara culto, vegetariano e cheio de manias. Passávamos horas nos entupindo de comida na lanchonete da loja ao invés de bater a porra da meta de vendas, cantarolando Beatles (From me to you) e The Smiths.

E depois do expediente, de quando em vez íamos a um boteco de esquina chamado apropriadamente the "The Corner", onde ele me ensinou a beber cerveja com provolone à milanesa. A gente era tão grudado que as pessoas da loja tinham certeza que tínhamos um caso. Mal sabiam o quanto éramos "brothers", como costumávamos dizer um ao outro.

Nesse ano, lembrei do aniversário dele, mas não tenho mais seu telefone, e fiquei com preguiça de mandar e-mail. Também tem lá no fundo uma certa tristeza por ele não me dar bola... acho que virei amigo Pedro**.

Para fechar o ciclo setembrino, a data de hoje. A mais nova aquisição da minha memória afetiva: o dia da secretária. Pela primeira vez eu passei o dia recebendo parabéns e presentinhos para mim mesma. Pela primeira vez não recebi presentinho que sobrou. Eram todos prá mim, e isso significa muito.

Significa anos de cabeçadas, lágrimas e murros na parede, somados a muita dedicação em sair do limbo e alçar uma oportunidade prá fazer o que eu sempre fiz bem e com prazer, porém sem o devido reconhecimento. Então, prá encerrar, segue aqui uma foto com todas as lembrancinhas que ganhei, inclusive do Gam.

Não por que eu quero mostrar o que ganhei, porque não foi nada de mais. Mas porque eu quero registrar esse momento com muita emoção e sentimento de vitória... por tudo que ficou para trás e tudo que virá pela frente.



Oxalá, meu pai. Receba minha pura gratidão por essa conquista.

E que venha outubro!!!

ÈPA BÀBÁ !



*macaco: algumas entidades na Umbanda se referem a policiais e autoridades como "macacos".

**amigo Pedro: Renato sempre contava de um melhor amigo dele chamado Pedro que sumiu de vez, eles perderam contato. Eu acho que tinha também a música do Raul, de mesmo nome, no meio dessa história.

4 comentários:

  1. POTAQUEPARIU, GORDA. Memórias dignas do arcabouço bizarro das memórias mais grotescas de Nataly. E a "breu-e-lima", hein? A cunhã... Faltou mencionar que ela ensinava as coisas pra gente usando as sujeirinhas do chão, rsrsrs.

    Foi legal ler tudo isso e rir gostoso com as lembranças.

    Abraços, mana véia.

    ResponderExcluir
  2. Oi Aline, legal é ter lido essa postagem. Tanta gente boa, tantas lembranças gostosas que até eu, q nem as vivi, senti saudades, rs.
    A sua irmã + velha é aquela cantora q o link acima nos remete? Gostei muito da voz. Canta muito bem.
    Um big beijo pra vc, pra sua irmã, pra Maytê (tb adoro bicho), pra tia Dete, pra....

    ResponderExcluir
  3. É muita cara de pau, chubby.
    Então eu é quem não te dá muita bola? TSC!
    Você é quem sumiu e queimou todas as minhas cartas de amor.
    AND YES, YOU ARE INDEED....A fucking Pedro.

    Nem vou fingir que eu sei, mas eu acho que o seu aniversário é no dia 17 de Novembro ( acertei, né???? ÊÊÊÊÊÊÊ!!!!! )

    Já você, chubby and useless, as always....ERROU!

    E ainda tem a manha de dizer "neste ano, eu lembrei...".

    Antes de mais nada, vai tomar no tobas por isso. Meu aniversário é dia 21 de Setembro, dia da árvore, começo da Primavera e todas essas viadagens, enfim.

    Saudade, imensa.....( e meu celular ainda é o mesmo, assim como as minhas incomensuráveis beleza e inteligência)

    Um beijo e Feliz Dia da Secretária.

    Renato Pedro de Castro.

    ResponderExcluir
  4. Uai, achei que eu tinha comentado nesse post NO DIA que ele saiu! De qualquer forma... dona Anônima, eu andei tendo alguns problemas em comentar alguns blogs. Eles dão mensagem que não estou autorizado ou coisa assim. O que eu faço então é recarregar a página que aí meu perfil google já tá carregado/logado. Mas também é bem sexy comentar como Anônimo, parece coisa de admirador(a) secreto(a)!! :-) Beijo!!

    ResponderExcluir

Comentários são sempre bem-vindos. Desde que não venham a ferir a ordem nacional. Hehehe...

E viva a democracia!

VIVAAAA!