17 de setembro de 2010

Fronteiras

Curta e grossa.

Curta eu sou mesmo, eu com meu um e sessenta (nem sei se chego mesmo a isso). Grossa porque, além de roliça, eu engrosso o caldo mesmo. Aliás, o caldo fica fervendo aqui o tempo todo, não chegue muito perto que é capaz de neguinho levar queimadura de enésimo grau...

Enfim, curta e grossa: eu tô lascada, com um trabalho prá entregar até segunda e uma prova na quarta. Mas tá na hora de fazer post novo, porque já tô me coçando aqui...

Então, prá matar dois coelhos "numa caixa d'água só" (como diria companheiro Lula), vamos a um "post pronto". Vou colocar aqui uma poesia das antigas, bem antiga mesmo. Fiz aos 15 anos (wow, há uma década), no primeiro ou segundo colegial, não lembro.

Foi na feira cultural do colégio, de tema "fronteiras". Deu trabalho prá expôr, porque encasquetei que queria um cartaz com letras recortadas de jornal. Imagina recortar letra por letra, ainda mais que a poesia era relativamente extensa.

Mas deu certo, e no final ganhei além de um A, uma bela estrelinha na testa (lê-se puxa-saquismo da profª de literatura). Voilá:


FRONTEIRAS




Fronteiras de pedra, tijolo, papel
Fronteiras de espaço, de terra, de céu
Fronteiras de homens, mulheres, crianças
De mentes e sonhos, palavras e ânsias.

Fronteiras já prontas, natas, conhecidas
Toleradas,
                quebradas,
                                 derrubadas,
                                                   construídas.


Veneradas ou anônimas
Odiadas ou perdidas


Fronteiras em que se vêem limites invisíveis
demarcados, metrificados, quilometrados
di    vi    di   dos
em pólos de cores, de cheiros,
                                              amores...?
                                              (divididos)


Fronteiras do eu, do tu, do eles
Diferenças iguais e igualdades diferentes
De todo o todo, de todos os tolos
palhaços, juízes, reis e mendigos


Fronteiras que cerram, que cortam, decapitam
Degolam o que se juntou


Fronteiras do eu, do eu, do eu
Eu delimitado, eu esquartejado
Pelo tempo que divide o que nos mata -
e o que nos cria - e o que nos sustenta.


Fronteiras numerais que cativam,
que libertam as próprias fronteiras animais
répteis, aves, símios hominais


Fronteiras universais - entre homem e espaço-
o conhecido e desconhecido, inventado e mentido.


A fronteira das mentiras, da ambição, da maldade
O bem e o mal num globo só
(ou em diversos talvez).


A luz e o sol
A arte e a decadência


Fronteiras globais, interesses mundiais,
                             capitais,
                   sociais,
           liberais,
individuais.


Limites do falar, do escrever no papel
O papel da natureza que faz o dólar- que divide.


As fronteiras de tudo isso.
E tudo isso incluído
tudo num mesmo lugar, ao mesmo tempo,
no mesmo sentimento de não se saber ao certo
quais são as fronteiras
e por que elas estão lá.

9 comentários:

  1. Poxa! eu sempre sonhei em ganhar uma estrelinha na testa.

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  2. Ah, tio... eu tb sonhei muito com esse momento, principalmente quando assistia o Chaves.

    Aliás, descobri recentemente que o Chaves não mora num barril. Ele é morador da casa 8, vc sabia disso?

    É que em espanhol, o noeme o programa é "Chavo del ocho" (o menino do oito). E tem mesmo um episódio que o Chaves diz pro Kiko que mora no oito...

    Meu mundo é uma mentira mesmo... tsc!

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  3. Com uma poesia dessas teria que ganhar uma constelação....

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  4. Pirei com você!
    Aos 15 anos já era uma grande poetisa!Mereceu a estrelinha na testa, hehe.

    Ah, pode mandar o tal selinho praqui ó:
    mafafeos@yahoo.com.br

    Beijos!

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  5. Papito... elogio de pai é que nem elogio de mãe. Num conta, né? Rsrsrsr... mas brigada mesmo assim.

    Agora imagine esta pirracenta no auge de sua avalanche criativa ter que escutar que é uma princesinha bailarina... Entendeu o drama?

    Ainda bem que no ponto crítico eu berrei, e vc finalmente viu a mulher detrás do tutu cor-de-rosa.

    Na real, eu já era mais dragão do que princesa. E até cospia fogo! Huahuhuahuha! E continuo cuspindo até hoje, sai de baixo...

    Bjão.

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  6. Luuu!

    Caraca, "grande poetisa" é demais prá mim. Vc tem que conhecer minha irmã, ela sim é uma poetisa com P maiúsculo... Pena que ela não tem blog (mais um dia eu consigo convencê-la...).

    E vc, olha só quem fala... eu tava aqui comentando de vc pro meu noivo, aquela sua poesia do mar me tirou o fôlego!!!

    Tô te mandando já o selo, acho que vc vai gostar. Queria tanto connhecer mais blogueiras como vc!!!

    Infelizmente a net tá infestada de "blogs fofos". A vida tá difícil prá quem tem cérebro hj em dia... Quando não são blogs superficiais, são uns tão sisudos que não dá nem prá soltar uma piadinha... Aí tb não tem graça, né?

    Ainda bem que vc é das minhas, hehehe.

    Bjo!

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  7. Eu estava me sentindo daquele jeito, sem saída, julgada e condenada sem culpa...Mas graças a Deus são apenas momentos na vida, e nem me considero poetisa, sou uso esse jeito de falar pra me expressar mais breve e profundamente, sem ter que me explicar muito...

    Bem, te mandei umas coisinhas lá no e-mail, pode dar uma corrigida por que foi na correria.

    Beijos.

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  8. ITEM 1 - CORREÇÃO IMPORTANTE: VOCÊ TEM 1,59 DE ALTURA. QUEM TEM 1,60 SOU EU (YES! :P)

    ITEM 2 - VOCÊ ESTAVA NO PRIMEIRO COLEGIAL. EU, NO SEGUNDO. VC FEZ ESSA SOBRE AS FRONTEIRAS, EU FIZ UMA CHEIA DE NEOLOGISMOS E DE NON-SENSES PARAFRASEANDO E HOMENAGEANDO GUIMARÃES ROSA (NÃO TENHO A POESIA AQUI, MAS ME LEMBRO MUITO BEM DO ÚLTIMO VERSO:

    "JESUS-MARIA-JOSÉ
    ACUDA MINHA DOR NO PÉ"

    RS...

    ITEM 3 - ........... SEM PALAVRAS. VC SEMPRE FOI MUITO LÍRICA, SEMPRE... E SE TEM ALGUÉM QUE NASCEU PRA COISA, ESSE ALGUÉM É (E SEMPRE FOI) VC, NÃO EU... MAS DE QUALQUER FORMA, OBRIGADA PELO... ELOGIO???? RS... TE AMO, GORDA.

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  9. NATALY,

    ITEM 1 - Só acredito vendo.

    ITEM 2 - É verdade! Então isso significa que eu tava prá fazer 14 anos... Sua poesia foi o máximo! A professora Cibelle deve ter tido um orgasmo literário com ela... Deve estar guardada nas suas papeladas, depois vc procura. Quando vc vai fazer um blog, hein?

    ITEM 3 - Sua tonta, você sabe que sempre deu de mil em mim. Sempre!!! Te amo, lixão!

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E viva a democracia!

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