Mas não aguento... antes de postar uma encheção de linguiça (lamentável escrever isso sem trema), alguns desabafos em tópicos. Em ordem aleatória, como tudo na minha cabeça!
1)Um dos meus sonhos se realizou: vi o Eduardo Kobra no Faustão. Sempre quis fazer um post sobre ele, porque AMO grafite. Sobretudo de qualidade, e os dele são incomparáveis. O mais legal é que ele sai por aí grafitando pelas ruas de Sampa, dá prá ver a arte dele sem esforço nenhum. Eu babo! Apesar da tentação, não vai dar prá fazer um post decente, então fica prá próxima.
2)Fiquei o fim-de-semana todo terminando uma prova que tenho que entregar hoje. Na verdade o prazo era prá sexta, mas o professor se compadeceu, e estendeu o prazo. Tinha que mandar um e-mail até 12h00, e nem lembrava disso. Resultado: corri feito louca prá responder uma questão sem noção sobre o regime cambial brasileiro (afe...). Queimei os transistos, em mandei o troço às 11h45 (uuuuh...). Agora tenho uma prova mais sem noção ainda depois de amanhã. Você já começou a estudar? Eu não...
3)Ontem fui fazer bolo de banana (achei uma receita de microondas, adoro bolo de microondas. Quer mais praticidade?), e o liquidificador queimou. O bicho soltou fumaça até, ainda bem que ainda tá na garantia. pena que eu já passei da garantia faz tempo, preciso trocar várias peças.
4)Como não vou ter tempo de fazer um post legal por causa da PUC, então vou aproveitar o gancho e postar algo referente a ela mesma... [ironia mode ON] Segue uma resenha "super divertida", tenho certeza que será muito apreciada, vai chover cometário a rodo... [ironia mode off]. Como tudo que faço para a faculdade, fiz correndo e nas coxas. Veja só:
Resenha crítica - "Piratas do Caribe", de tariq Ali
O livro “Piratas do Caribe”, de Tariq Ali, revela as motivações e implicações da grande guinada à esquerda, ou “maré rosada” da América do Sul nos últimos anos. Neste contexto, os presidentes Evo Morales, Rafael Corrêa e Hugo Chávez representam os líderes que optaram por conduzir suas nações contra a maré dotada de tormentas (pelo menos aos países subdesenvolvidos) do Consenso de Washington, propondo navegar por mares políticos alternativos.
O problema desta guinada vanguardista à esquerda é que, segundo o autor, ela incita medo e hostilidade por parte dos seguidores do Consenso de Washington, pois ameaçaria a ordem intocável de suas intituições “quase divinas”.
Segundo Ali, a derrocada do socialismo e o trunfo do capitalismo levaram a uma prostração dos pensadores de esquerda (que antes viam o capitalismo como um câncer, e agora o vêem como uma cura disponível às mazelas humanas). Porém, estes “vira-casacas”, mais do que terem mudado de lado, apóiam e dão corpo ao movimento de “desinformação” promovido pela mídia global, detida por meia dúzia de magnatas que a manipulam em prol da sustentação do regime, suprimindo, inclusive, a verdadeira liberdade de expressão e pensamento.
Para a mídia ocidental, segundo Ali, um Estado é “bom” quando segue o consenso de Washington, independente se respeita ou não os Direitos Humanos. Paradoxalmente, ataca aqueles que procuram desviar-se de tais pilares, mesmo que seja através de meios democráticos.
Para o autor, o golpe de estado contra Chávez, eleito democraticamente em 2002, é um caso emblemático. Um golpe oligárquico e distorcido pela mídia que causou imensa revolta nas massas, que conseguiu restituí-lo ao poder.
Diante dos freqüentes questionamentos sobre a legitimidade do governo como o de Chávez, o autor argumenta que há o apoio massivo da população a Chávez, o que foi provado inúmeras vezes em referendos. Então por que os Estados Unidos temem tanto o seu governo? Segundo o autor, governos como os de Chávez, que rompem com o Consenso de Washington em prol dos menos favorecidos pode colocar em cheque a tranqüilidade dos países capitalistas, do “fim da história”.
Diante deste quadro proposto pelo autor, seria imediata uma reação crítica de um aluno de relações internacionais, cuja rotina de leitura é inundada pelo “mainstream” acadêmico, não por um acaso oriunda dos países fundados nos tais pilares do Consenso de Washington.
Uma primeira crítica, e talvez a mais contundente, seria em relação à legitimidade de governos como os de Chávez, cuja maioria política não necessariamente denotaria a existência de uma real democracia, havendo a possibilidade da existência da “tirania das maiorias” (conceito atribuído a John Stuart Mill em e a Alexis de Tocqueville), um dilema enfrentado por uma democracia quando os interesses de minorias são consistentemente obstaculizados por uma maioria eleitoral.
A estatização da mídia também poderia ser interpretada como uma forma de autoritarismo justamente por suprimir a voz das minorias políticas e supostamente manipular a informação em prol do governo, gerando uma “desinformação às avessas”.
Além disto, a redefinição do conceito de democracia proposto pelos “piratas”, seria uma ameaça à real definição de democracia, cujo sistema de “checks and balances” de Montesquieu permanece intocável para sua legitimidade.
Para compreender “Piratas do Caribe”, é necessário, entretanto, lê-lo com olhos alternativos a este “mainstream”, pois de outro modo, será uma tentativa em vão de compreender a visão política destes “líderes da contramão” e de seus respectivos partidos.
O argumento de Ali em relação à “desinformação” gerada pela mídia burguesa é legitimado pela idéia Gramsciana de que a imprensa cumpre um papel fundamental para dar coesão ao processo de formação da sociedade civil. Segundo Gramsci, a imprensa é controlada pelo capital privado, mas trata de assuntos públicos, o que lhe proporciona um grande poder com a segmentação da burguesia e com a economia burguesa, porque passa a exercer um papel que só é controlado pelo próprio capital, e que não é controlado pelas instituições públicas.
Noam Chomsky observa que a primeira emenda da Constituição dos Estados Unidos diz que o Estado não pode censurar a opinião pública. Mas a primeira emenda nada diz sobre as corporações, porque estas nem existiam na época.
Como resultado, as corporações teriam um grande poder de selecionar os fatos, e divulgá-los de acordo com os interesses corporativos, revestindo-os com a aparência de fatos públicos, quando na verdade são fatos dados de forma privada. Logo, a imprensa toda seria partidária, movida por interesses ideológicos, financeiros, econômicos.
Ali não considera Lula como mais um “pirata”, pois este teria constituído um governo que mascararia sua condescendência ao Consenso de Washington, uma idéia que é corroborada pelo conceito Gramsciano de “Revolução passiva”, a qual implica sempre a presença de dois momentos: o da “restauração” (trata-se sempre de uma reação conservadora à possibilidade de uma transformação efetiva e radical proveniente “de baixo”) e da “renovação” (no qual algumas das demandas populares são satisfeitas “pelo alto”, através de “concessões” das camadas dominantes).
O caso brasileiro, sob esta perspectiva, também poderia ser analisado como um caso de “hegemonia às avessas”, de Francisco Oliveira, segundo o qual a política não passa pelo conflito de classes, desviando-se dele assim que se chega ao poder.
O grande questionamento que o autor suscita é em relação à própria definição dominante da democracia, a democracia liberal. É intrigante pensar que o caso da América do Sul pode estar demonstrando que usar uma definição hegemônica da democracia numa região dotada de especificidades pode ser um contra-senso. De uma perspectiva construtivista, fica o questionamento: será que o conceito liberal de democracia se aplica à América Latina, ou aqui nós temos um conceito próprio, condizente com nossa realidade e anseios?
Ora, a China já provou que para haver capitalismo, a democracia não é necessária, derrubando o argumento desenvolvimentista que sempre vinculou ambos. Ademais, Sabe-se que democracia política não necessariamente provê “democracia econômica”, e tudo indica que é isto que os “piratas” estejam buscando às suas populações.
Provavelmente partem do princípio de que o capitalismo está começando a demonstrar suas falhas, suas contradições. E justamente por isto talvez esta guinada à esquerda não seja fruto do acaso, ou um “desvio coletivo”, mas sim um indicativo de que o capitalismo e seus pilares do Consenso de Washington não são intocáveis e perfeitos. Talvez tenha chegado a hora de expelir uma nova forma de governar, ávida por nascer nos países da América do Sul.
É muita informação para esse velho. De boa!!? tah muito cult...
ResponderExcluirHuhuahuha!
ResponderExcluirÉ muita informação prá qqer mortal, papito.
Procê ver o que eu ando sofrendo naquela faculdade maluca...
Bjo!
Oi Aline! Passei para retribuir a visita e me deparei com esse post gigaaaante! Isso porque está sem tempo, né?! Hehehe!
ResponderExcluirQuanto ao selo, pode mandar. Receberei com muito carinho!
Sigo!
BeijO*
Campanha eu tambem quero o meu selo...caramba o que é isso me explica qualquer hora...beijão
ResponderExcluirObrigada pelo selinho! Adorei!
ResponderExcluirBjO*
Esse livro é sério?????????? Juro que li achando que era piada. Melhor acreditar que é. Nem meus amigos/alunos barbudinhos da FFLCH acreditam mais nisso! E olha que eles acreditam em cada coisa...kkk
ResponderExcluirPrefiro duas outras obras que tratam dos mesmos seres: "Manual do Perfeito Idiota Latino Americano" e "A Volta do Idiota", excelentes livros que mostram como essa ideia de vitimismo da América Latina leva a continente ao atraso.
Acho o Chomsky um bom linguista (tem suas falhas teóricas, mas é competente), mas quando resolve falar de política...kkkk
Oi, Dois!
ResponderExcluirCara, nem eu acredito em nada disso. E nem mais ninguém do meu curso, que aliás é mega conservador.
Essa minha resenha a favor do livro foi um exercício. Na verdade eu tive que fazer uma baita ginástica mental prá sair caçando argumentos a favor do autor.
Admito que foi divertido este sacrfício todo. Afinal, é um desafio defender aquilo com o qual não se concorda. Fácil pe defender aquilo em que se acredita.
Foi de propósito, pois num teve uma alma que se aventurou a favor do meliante.
Abraço, e brigada pelo comment tão bom.