2 de setembro de 2010

Bota água no feijão, que eu tô voltando!



Senhoras e senhores, trago boas novas...

Depois de uma profunda jornada espiritual, eis que retorno ainda mais ávida e sedenta!

Hoje fui ao psiquiatra, e ganhei uns remedinhos prá depressão e bipolaridade. É, isso aí. BIPOLARIDADE.

Maior legal, entrei num site muito bom sobre o assunto e descobri porque num mesmo segundo eu tenho vontade de metralhar quem cruza meu caminho, adotar um gatinho abandonado e depois me jogar do 13º andar. Legal, né?

Cara, é muito bom descobrir de onde vem este turbilhão. Melhor ainda poder confiar em alguém capacitado prá tratar essas maluquices. Ou não...

Tudo bem que a médica que me atendeu parecia um chuchu de batom, uma velhota mal encarada candidata a "miss antipatia"...  Mas ok, encarei a vovó e vomitei minhas insanidades...

Agora vamos ver se eu consigo me concentrar mais. Ultimamente, o que mais me incomoda é a avalanche de ideias que invade minha cabeça, além da compulsão e da INTENSA irritabilidade (eu ainda vou ser banida da faculdade, tô começando a virar uma ameaça à sociedade).

Pois bem, não resisti ficar sem blogar...

Engraçado, me peguei pensando numa coisa estes dias. Um pensamento meio construtivista: é curioso como cada pessoa atribui a seu blog um significado diferente... e o usa de maneiras diferentes... e como isso tudo muda de acordo com o tema do blog.

Por exemplo, há muitos blogs "casamentícios" por aí, certo? São blogs de mulheres que querem dicas para a organização do casamento, etc. Eu gosto de acompanhar estes blogs prá ficar por dentro das novidades e tal.

Mas eu me irrito muito (nossa, que novidade!), com o jeito que estas meninas blogam. É uma jogação de purpurina que puta que o pariu... Prá você ter seu blog reconhecido, tem que sair rasgando seda a torto e direito. Você tem que usar a mesma linguagem (cara, elas escrevem feito retardadas...). Depois tem aquelas tranqueiras de "selinhos fofos" e bla, bla, bla...

Não me incomodam os selinhos, e muito menos as amizades criadas neste meio, muito pelo contrário. Desde que ambos sejam verdadeiros. Nada como criar laço genuínos, baseados no carinho e respeito... Nada como conhecer pessoas novas, com visões de mundo diferentes. Nada como expandir nosso mundinho interior. E não o nosso ego.

É essa "promiscuidade blogueira" que me faz pensar o que um blog significa prá cada um. E o curioso é que pode significar muita coisa. Prá uns, é um meio de promoção social, prá outros, um porto seguro para desabafar, e outros, um meio para canalizar sua ideias e criatividade.

Bem, prá encerrar o assunto, uma letra do Gabriel o Pensador (me gusta mucho!) do disco "Seja você mesmo, mas não seja sempre o mesmo". Aliás, que disquinho esquerdista, hein, Gabriel... Parece que leu o Manifesto do PC antes de escrever as letras.

Maaaaas, por isso mesmo.... NOTA MIL!!!! Leia com paciência até o final... Principalmente o final, onde ele faz um jogo de palavras genial. Como sempre!!!

Voilá!


BRASA
Gabriel o Pensador

Um poeta já falou, vendo o homem e seu caminho:

"o lar do passarinho é o ar, e não o ninho".

E eu voei... Eu passei um tempo fora, eu passei um tempo longe.

Não importa quanto tempo, não importa onde.

Num lugar mais frio, ou mais quente de repente, onde a gente é esquisita, um lugar diferente.

Outra língua, outra cultura, outra moeda.

É, vida dura mas eu sou duro na queda.

Se me derrubar... eu me levanto, e fui aos trancos e barrancos, trampo atrás de trampo, trabalhando pra pagar a pensão e superar a tensão do pesadelo da imigração.

Clandestino, imigrante, maltrapilho.

Mais um subdesenvolvido que escolheu o exílio, procurando a sua chance de fazer algum dinheiro, no primeiro mundo com saudade do terceiro.

Família, amigos, meus velhos, meu mano - o meu pequeno mundo em segundo plano.

Eu forcei alguns sorrisos e algumas amizades.

Passei um tempo mal, morrendo de saudade.


Eu tô morrendo de saudade, tô morrendo de saudade.


Eu tô morrendo de saudade, tô morrendo de saudade...


Da beleza poluída, da favela iluminada, do tempero da comida, do som da batucada.

Da cultura, da mistura, da estrutura precária.

Da farofa, do pãozinho e da loucura diária.

Do churrasco de domingo, o rateio e o fiado, a criança ali dormindo, o coroa aposentado.

Eu tô morrendo de saudade, tô morrendo de saudade...

Da mulata oferecida, do pagode malfeito, de torcer na arquibancada pro meu time do peito.

A pelada sagrada com a rapaziada, o sorriso desdentado na rodinha de piada.

Da malandragem, da nossa malícia, da batida de limão, da gelada que delícia!


Eu tô morrendo de saudade, tô morrendo de saudade...


Do jornal lá na banca, da notícia pra ler, das garotas dos programas da TV.

Do jeitinho, do improviso, da bagunça geral.

Do calor humano, do fundo de quintal.

Do clima, da rima, da festa feita à toa - típica mania de levar tudo na boa - do contato, do mato, do cheiro e da cor.

E do nosso jeito de fazer amor.
Agora eu sou poeta, vendo o homem a caminhar:

o lar do passarinho é o ninho, e não o ar.

E eu voltei. E eu passei um tempo bem, depois do meu retorno.

Eu e minha gente, coração mais quente, refeição no forno.

Água no feijão, tô na área, bichinho.

Se me derrubar... eu não tô mais sozinho.

Tô de volta sim senhor.

Sou brasileiro, com muito orgulho, com muito amor.

Mas o amor é cego.

Devo admitir, devo e não nego, que aos poucos fui caindo na real, vendo como o Brasa tava em brasa, tava mal.

Vendo a minha terra assim em guerra, o meu país... não dá, não dá pra ser feliz.

E bate uma revolta, e bate uma deprê.

E bate a frustração, e bate o coração pra não morrer.

Mas bate assim cabreiro.

Bate no escuro, sem esperança no futuro, bate o desespero.

Bate inseguro, no terceiro mundo, se for, com saudade do primeiro.

Os velhos, os filhos, os manos - ninguém aqui em casa tem direito a fazer planos.

Eu forcei alguns sorrisos e lágrimas risonhas.

Passei um tempo mal, morrendo de vergonha.

Eu tô morrendo de vergonha, tô morrendo de vergonha.


Eu tô morrendo de vergonha, tô morrendo de vergonha...

Da beleza poluída, da favela iluminada, da falta de comida pra quem não tem nada.

Da postura, da usura, da tortura diária.

Da cela especial, da estrutura carcerária.

A chacina de domingo, o rateio e o fiado, a criança ali pedindo, o coroa acorrentado.


Eu tô morrendo de vergonha, tô morrendo de vergonha...


Da mulata oferecida, do pagode malfeito.

Morrer na arquibancada pro meu time do peito.

O salário suado que não serve pra nada, o sorriso desdentado na rodinha de piada.

Da malandragem, da nossa milícia, da batida da PM, porrada da polícia.


Eu tô morrendo de vergonha, tô morrendo de vergonha...


Do jornal lá na banca, da notícia pra ler, das garotas de programa dos programas da TV.

Do jeitinho, do improviso, da bagunça geral, do sorriso mentiroso na campanha eleitoral.

Do clima de festa, da festa feita à toa - ridícula mania de levar tudo na boa - do contato, do mato, do cheiro da carniça.

E do nosso, jeito de fazer justiça.


Mas eu vou ficar no Brasa porque o Brasa é minha casa, casa do meu coração.

Mas eu vou ficar no Brasa porque o Brasa é minha casa e a minha casa só precisa de uma boa arrumação.

Muita água e sabão.

Ensaboa, meu irmão.

Não se suja não.

Indignação.

Manifestação.

Mais informação.

Conscientização.

Comunicação.

Com toda razão.

Participação.

No voto e na pressão.

Reivindicação.

Reformulação.

Água e sabão na nossa nação.

Água e sabão, tá na nossa mão.

Tô morrendo de paixão, tô morrendo de paixão...



5 comentários:

  1. Menina que remedio a dona Chuchu te deu?
    Pela velocidade dos assuntos o remédio não tem freio só acelerador!! hehehehe

    que bom que você voltou a postar... mas eu tinha certeza que vc não demoraria muito...

    Beijos

    ResponderExcluir
  2. Oi, David!!!

    POis é, menino... No fundo eu mesma já sabia. Tento me auto-sabotar, mas nem isso dá certo! hahaha!!!

    Sei não, mas acho que prá me frear, esse remedinho não dá conta. Nem em dose cavalar!

    Brigada pela visita, adoro seus comentários. E seu blog mais ainda!

    Abração.

    ResponderExcluir
  3. O tio Gerson sempre me responde por e-mail ai, ai... hehehe... Lá vai:

    "Oiêeee....beijos. Bom vê-la vomitando palavras articuladas com um jeitinho que é só seu.Adoro seus textos críticos. Vc daria uma excelente jornalista.Inté + v"

    ResponderExcluir
  4. E a minha resposta:

    Tiooooooooooo!

    Puts, meu! Que saudade!

    Eu sempre me esqueço de tirar foto do presente que vc nos deu e te mandar... prometo fazer isso no feriadão (já que fou ficar mofando em cima das pilhas de textos atrasados, hehe...). Mas eu sou pior que político em campanha, só prometo!

    Então, tio... puxa, brigada pelo comentário. Na verdade eu não sei não se seria boa jornalista... eu não domino assunto nenhum, só fico dando meus pitacos em coisas banais. Acho que no fim das contas, o meu negócio é filosofia de boteco, hehehe...

    Manda beijo nos seus, ô família que eu amo, viu...

    Abraço apertado,

    ResponderExcluir

Comentários são sempre bem-vindos. Desde que não venham a ferir a ordem nacional. Hehehe...

E viva a democracia!

VIVAAAA!